Grupo Desportivo de Chaves
1949 – 2007
No dia 27 de Setembro de 1949, após a vitória do Flávia Sport Clube no Campeonato Distrital, que lhe permitiu o acesso à 3ª Divisão, dá-se a fusão entre os dois clubes rivais da cidade (Atlético Clube Flaviense e Flávia Sport Clube), da qual nasceria o Grupo Desportivo de Chaves dos nossos dias.
Com tal união dava-se então início a uma caminhada desportiva, com altos e baixos, onde o Grupo Desportivo de Chaves, centro de projecção de inúmeros talentos, foi conquistando o seu espaço num país que tendia cada vez mais a subestimar as potencialidades desportivas que a Região Transmontana, em especial a cidade de Chaves, tinha para oferecer.
Após a fundação do clube em 1949, o objectivo era claramente alcançar a 2ª Divisão Nacional e, após 3 épocas de falhanço, isso foi finalmente alcançado na época de 1952/53, com a vitória obtida no Campeonato Regional, que lhe permitiria disputar o Campeonato Nacional da 2ª Divisão pela primeira vez no seu, então, ainda curto historial. Na participação nesse mesmo Campeonato e, sendo estreante num tipo de futebol diferente, o Desportivo conseguiu uma digna participação, terminando em 7º lugar, num campeonato em que competiam 10 equipas.Apesar desse feito, há ainda outros factos de destaque nessa magnífica época desportiva, como foi a criação da PRIMEIRA ESCOLA DE JOGADORES, por iniciativa do treinador Fonseca da Silva, e o início da construção de uma bancada no Estádio Municipal de Chaves, através de uma equipa de associados, liderada pelos saudosos Dr. Francisco Gonçalves Carneiro e Sr. José Guimarães.
Na época que se seguiu, houve uma aposta grande do clube para que as coisas corressem pelo melhor mas, apesar de terem sido feitas algumas contratações sonantes, a equipa não conseguiu ter “estrelinha” e assim as ambições dos adeptos sairam defraudadas já que a equipa acabaria por não conseguir manter-se na 2ª Divisão, terminando em 11º num campeonato com 14 equipas.
A época de 1954/55 começaria com grandes dificuldades na constituição de uma nova Direcção mas, a nível desportivo, e depois de 3 fases de competição, o G.D. Chaves conseguiria de novo subir à 2ª Divisão. Uma nota de destaque para a apresentação, pela primeira vez na vida do clube, de uma equipa de Juniores, de onde saíram bons atletas Séniores.
Seguiram-se algumas épocas em que o Desportivo sofreu para se manter na 2ª Divisão mas, apesar de bastantes dificuldades, conseguiu estabilizar nesse escalão e viria mesmo a alcançar as suas melhores classificações de sempre nesse escalão, nas épocas de 1958/59 e 59/60, tendo terminado no 4º lugar da tabela classificativa das duas vezes.
A época de 1960/61 seria de triste memória pois o Desportivo, vítima de uma crise Directiva e de bastantes dificuldades económicas, não conseguiria manter a estabilidade que vinha apresentando e acabaria assim por cair de novo para a 3ª Divisão, algo de todo indesejado pelas gentes de Chaves.
Os anos que se seguiram a esta indesejada despromoção foram de grandes dificuldades e apesar de haver uma enorme vontade nos dirigentes do G.D. Chaves em fazer o clube regressar ao 2º escalão do futebol nacional, as coisas teimavam em não correr pelo melhor e os problemas financeiros iam adiando a realização de contratações que pudessem fazer dessa vontade uma realidade, sendo que o uso de jogadores formados no Desportivo teve de ser uma das soluções de recurso. Pode-se mesmo dizer que a década de 60 foi bastante negativa para o clube, muito também por falta de apoio das forças vivas citadinas e do próprio comércio.No meio de tantos factos negativos, na época de 1967/68, um facto de destaque para o G.D. Chaves que, num jogo no Municipal, frente ao F.C. Porto, conseguiria uma vitória inédita por 4-3, tendo-se ganho com isso um novo alento para que o clube pudesse voltar a tempos de novas conquistas.
Em finais da década de 60, assistia-se então a uma reorganização do clube e os ventos de mudança eram bastante fortes, com o clube a adquirir um nova vitalidade e a projectar novos horizontes.
Apesar da época de 1970/71 ter sido considerada como a época do “tudo ou nada” com vista ao regresso à 2ª Divisão Nacional, os objectivos do Desportivo teimavam em não se concretizarem e ainda não seria dessa vez que a subida seria alcançada.
A concretização do sonho de todos os adeptos do G.D. Chaves aconteceria finalmente na época de 1972/73, ainda que o clube se tenha debatido com dificuldades directivas no início da época. Apesar de ter conquistada o título de Campeão da Zona A da III Divisão e de ter vencido o Gouveia numa segunda fase de acesso, o Desportivo teve ainda assim de sofrer para alcançar a subida pois devido ao polémico “caso Lourosa”, que muita tinta fez correr e muitos ânimos acicatou na cidade de Chaves, o clube esteve dependente duma decisão da F.P.F., decisão essa que acabaria por confirmar a tão ambicionada subida de Divisão e que, diga-se, foi conquistada por direito próprio.
Com o regresso do clube à 2ª Divisão, a felicidade flaviense espalhou-se por esse mundo fora através da nossa comunidade emigrante e houve a partir dessa altura um novo apoio e suporte financeiro por parte dessa comunidade e que ainda hoje é uma das grandes vitalidades do clube. Nesta época de regresso ao 2º escalão do futebol nacional (1973/74) o G.D. Chaves conseguiria um tranquilo 12º lugar.Foi ainda nessa mesma época que faleceu tragicamente um dos maiores valores produzidos pela formação do clube, falamos claro está de Fernando Pascoal das Neves, conhecido no mundo do futebol pelo nome de “Pavão”. Nascido a 12 de Julho de 1947, em Chaves, começou a jogar no Desportivo através das escolas de Feliciano e desde logo demonstrou uma grande aptidão para o Desporto Rei. Era ainda juvenil quando foi para o F.C. Porto, onde foi integrado na equipa de Juniores, ganhando o Campeonato Nacional de Juniores em 1964/65. Na época seguinte, Pavão é desde logo promovido à primeira categoria, estreando-se contra o Benfica e assinando uma excelente exibição na vitória por 1-0 da sua equipa, tendo sido decisivo para neutralizar uma das estrelas do conjunto encarnado dessa altura que dava pelo nome de Mário Coluna. Pavão viria a falecer no dia 16 de Dezembro de 1973, depois de ter desfalecido em pleno relvado do Estádio das Antas, ao minuto treze, da jornada 13 do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
A época de 1974/75 teria como maior facto de destaque a primeira deslocação da equipa do G.D. Chaves aos E.U.A., solicitada pelos nossos emigrantes.
Na época de 1975/76, o Desportivo conseguiu estar durante bastante tempo nos lugares cimeiros da classificação mas acabaria por terminar num honroso 6º lugar, demonstrando que o clube começava, aos poucos, a consolidar-se na 2ª Divisão.
Começava a haver fortes ambições de colocar a equipa na 1ª Divisão mas as classificações finais acabavam sempre por defraudar as expectativas. Em 1977/78 assinale-se a inauguração do relvado e da iluminação do Estádio Municipal, eventos esses que foram integrados nas comemorações dos XIX Séculos do Município da cidade de Chaves, e que trouxeram até Chaves dois clubes da 1ª Divisão, sendo eles o Benfica e o Setúbal, o que demonstrava já bem a vontade dos flavienses estarem no convívio com os grandes emblemas do nosso futebol.
A primeira vez que o Desportivo fica bastante próximo do vencer o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, acontece em 1979/80. A equipa esteve mesmo no primeiro lugar da classificação geral, à passagem da 21ª jornada, mas viria a terminar na 3ª posição, com os mesmos pontos do 2ª classificado, e a apenas 3 pontos do 1º. Com esta classificação, o Desportivo ficou a 1 escasso golo de disputar a ligilha de acesso à 1ª Divisão.
Após algumas épocas em que o Desportivo apostou forte para subir de escalão, em 1983/84 o sonho de ascender à divisão maior esteve muito próximo e, depois de ter sido 2ª classificado no Campeonato Nacional da 2ª Divisão, as expectativas voltaram a sair frustradas pois faltou alguma “estrelinha” e o G.D. Chaves acabaria por terminar a liguilha de acesso à 1ª Divisão na última posição, voltando a adiar aquilo que era o maior sonho dos flavienses.
Foi finalmente na época de 1984/85, após se ter consagrado como vencedor da liguilha de acesso à 1ª Divisão (vitória sobre o União da Madeira, no Funchal, por 4-3), que o G.D. Chaves conquistou pela primeira vez um merecido lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, colocando desta forma o clube numa nova posição na panorâmica nacional e dando início a uma nova página na história desportiva da cidade e da Região Transmontana.Este feito histórico era o concretizar dos objectivos a que o clube se propusera no passado e, assim, pela primeira vez, Trás-os-Montes tinha uma clube na 1ª Divisão Nacional.
Na época de 1985/86, muitas expectativas estavam colocadas sobre a equipa Flaviense, às quais o clube respondeu com um brilhante 6º lugar na classificação final da 1ª Divisão, ganhando por mérito próprio a designação pela crítica de “equipa sensação” do campeonato, tendo conseguido também o feito de ter atingido os quartos-de-final da Taça de Portugal.
Tudo fazia prever que a Época 1986/87, depois do brilhante desempenho na temporada anterior, traria ainda melhores resultados, e, para satisfação de todos os transmontanos, o Grupo Desportivo de Chaves obteve um espectacular 5º lugar, que lhe daria acesso às competições europeias pela primeira e única vez na sua história.
O clube tinha desta forma, no espaço de 3 anos, conseguido afirmar-se como um dos melhores da 1ª Divisão, abrindo ainda a estrada para a Europa na qual o nome de Chaves e da Região do Alto Tâmega, foram tão dignamente representados, com uma vitória sobre a Universidade de Craiova na primeira eliminatória ( U. Craiova, 3 - G.D. Chaves, 2 / G.D. Chaves, 2 - U. Craiova, 1), vindo a ser posteriormente eliminado na Hungria pelo Honved, na segunda eliminatória da Taça UEFA ( G.D. Chaves, 1 - Honved, 2 / Honved, 3 - Chaves, 1).
Na época de 1989/90, o clube conseguiria de novo repetir o 5º lugar na classificação geral.
Depois de 1990, o Desportivo foi-se mantendo como um digno embaixador da Região Transmontana na 1ª Divisão e, apesar da descida de divisão em 1993, o clube logo retornaria na época seguinte, para voltar a dar uma boa imagem nas épocas que se seguiram e estabelecer-se como uma das boas equipas do Nacional da 1ª Divisão. Podemos então dizer que o clube tem desempenhado dignamente o seu papel, não obstante a descida para a Liga de Honra em 1999, competição na qual se mantém até à presente época desportiva.
Até à corrente época desportiva (2006/2007), o Grupo Desportivo de Chaves conta com:
- 13 presenças no Campeonato Nacional da 1ª Divisão / Primeira Liga (1985/86 a 92/93 e 1994/95 a 98/99)
- 8 presenças na II de Honra / II Liga / Liga de Honra (1993/94 e 1999/2000 a 2006/2007)
- 20 presenças no Campeonato da II Divisão (1949/50; 52/53; 53/54; 55/56 a 60/61 e 73/74 a 1984/85)
- 15 presenças no Campeonato Nacional da III Divisão (1950/51; 51/52; 54/55; 61/62 a 72/73)
- 38 presenças na Taça de Portugal (melhor participação em 1985/86, alcançado os quartos-de-final)
O Desportivo ganhou vários troféus, dos quais se pode destacar o de Correcção, atribuído pela F.P.F. na época de 1956/57. Sagrou-se também Campeão dos Torneios de Reservas da Associação de Futebol de Vila Real desde as épocas de 1979/80 a 1984/85. Foi ainda vencedor da Taça Dr. José Maria de Augilar, na época de 1984/85, da Associação de Futebol de Vila Real, e conquistou a Taça na Inauguração do Campo de Rendufe F. C. em 31/09/85 (após vitória por 2-0 frente ao Vitória de Guimarães).
Como mostra a história, a caminhada do nosso clube teve os seus momentos altos e baixos, mas a força dos nossos atletas, o mérito e a entrega dos diferentes corpos dirigentes e a devoção da massa associativa, fez com que o Grupo Desportivo de Chaves se assumisse como uma equipa de grande projecção no quadro futebolístico nacional, tornando-se prova viva, desde o seu nascimento até aos dias de hoje, que a união faz a força.
in gdchaves site oficial
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